terça-feira, 29 de agosto de 2017

JORNALISTA APONTA FARSA NA ANULAÇÃO DO DECRETO DA AMAZÔNIA

No Correntes da Escravidão
Por Alceu Castilho, em seu Facebook
Atenção: Temer e Sarney Filho fazem jogo de cena. Não revogaram coisa nenhuma na Amazônia. O "novo decreto" sobre extinção da Reserva Nacional de Cobre não muda rigorosamente nada em relação ao anterior. É marketing. Manipulação.
E toda a imprensa - distraída que é - banca essa farsa de modo acrítico, sem ler os dois projetos. Ou ouvir as fontes necessárias.
Basicamente é o seguinte: o governo está dizendo que "agora" o decreto preserva as Terras Indígenas (TI) e Unidades de Conservação (UC). Ocorre que esse item... já existia no decreto anulado. Sim, já existia!
É que a questão não é essa. A história da Amazônia mostra que a criação de infraestrutura no entorno - rodovias, usinas, mineração - traz um efeito cascata. As UCs e TIs serão inapelavelmente impactadas - mais do que já são. E é disso que organizações como o WWF já estavam falando. Há meses.
O ministro do Meio Ambiente diz que o novo decreto traz um "vigor muito maior" na garantia das unidades de conservação. Vigor marqueteiro, podemos completar.
Mudança para a Gisele Bündchen ver. Para o Luciano Huck capitalizar. E para os fãs da Anitta poderem dançar com a ilusão de que venceram, ao som das motosserras que não terão deixado de agir.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

O Analfabeto Político - O conformismo suicida da população brasileira de 2017.



O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.



segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Distritão é um sistema antidemocrático que prejudica minorias, avaliam especialistas

Na Carta Capital
Foto: Antonio Cruz/Agencia Brasil
Nesta quinta-feira (10), a comissão da Câmara dos Deputados que analisa a proposta de Reforma Política aprovou a PEC do Distritão, que diz respeito à eleição de deputados estaduais, deputados federais e vereadores, os quais passarão a serem eleitos pelos votos individuais, sem que seja levado em conta os votos recebidos pela legenda do partido.
Ou seja, de acordo com esse sistema, serão eleitos os candidatos mais votados para o Legislativo, sem levar em conta os votos recebidos pelo conjunto dos candidatos do partido, como é o sistema proporcional adotado atualmente. A mudança, que desde o início contou com forte apoio do PMBD, foi aprovada por 17 votos a 15 e teve como destaque a participação das bancadas do DEM, do PSDB, do PSD e do PP.
Adeptos do “Distritão” apontam como uma das principais críticas ao modelo atual os “puxadores de votos” ou “efeito Tiririca”, como é o caso da eleição do deputado Tiririca (PR-SP), que, pela grande quantidade de votos alcançados, ajudou a eleger outros candidatos de seu partido que não tiveram expressão nas urnas, mas que foram beneficiados pelos votos recebidos pela legenda. Em contrapartida, candidatos que tiveram mais votos individuais, não conseguiram se eleger, a exemplo da ex-deputada federal Luciana Genro (Psol), que mesmo tendo recebido cerca de 130 mil votos, não conseguiu a reeleição.
Para cientistas políticos e advogados, no entanto, apesar da crítica ao modelo atual, a mudança que envolve o “Distritão” enfraquece a individualidade e renovação nos partidos e favorece a permanência de candidatos já consagrados na política, além de deixar as campanhas eleitorais ainda mais caras, já que os candidatos terão que se eleger pelos votos individuais. 
Em entrevista ao Justificando, o coordenador do Movimento Transparência Partidária Marcelo Issa explicou que com a aprovação do Distritão, existirá um dificultador ainda maior para que minorias sejam representadas:
“O voto proporcional prioriza o partido, e aí é importante que você analise qual o partido seu candidato está filiado e permite que grupos minoritários sejam representados com mais facilidade, porque num sistema majoritário como o Distritão, candidatos do movimento negro, do movimento feminista, LGBT, enfim, de setores que têm mais resistência ficariam de fora e estariam ali só os mais votados, os quais tem maiores chances de ser chapa branca e defender aquilo que a sociedade entende como “normal”, aquilo que não cria muita polêmica.”
Considerando crise de representatividade do Congresso atual, Issa complementa que “o problema do Distritão é que ele favorece quem já está lá dentro, quem já é conhecido, ou quem já tem mandato. Imagina um candidato pouco conhecido, que precisa ser o mais votado, ou estar entre os mais votados do seu estado… É muito difícil pra essa pessoa alcançar a quantidade suficiente de votos.”
Nas redes sociais, a professora de Ciência Política da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Esther Solano, manifestou sua reprovação em seu perfil no Facebook e afirmou que a aprovação da PEC trará “uma grande precarização democrática”, para a professora, a situação exige mobilização imediata: 
No ponto de vista jurídico, a advogada eleitoralista Paula Bernardelliafirmou que “quando a matéria é Direito Eleitoral, poucas são as questões que conseguem formar consenso entre os estudiosos do tema. O Distritão é uma dessas raridades”.

“O sistema é visto como altamente antidemocrático”, afirma Paula Bernardelli, advogada eleitoralista.

Paula ainda destaca que “o sistema majoritário [Distritão] para ocupação de múltiplas cadeiras cria uma fórmula de divisão das vagas que despreza a maioria dos votos que são dados. Se no sistema proporcional questionam a ‘transferência de votos’ para candidatos de uma mesma coligação, apontada como a maior distorção do sistema, no Distritão acontece o descarte desses mesmos votos, e os eleitores não veem nem seus candidatos e nem outros do mesmo grupo eleitos. Isso diminui significativamente os espectros ideológicos com representação e amplia inegavelmente o sentimento de falha de representatividade.”
“A consequência disso é o baixíssimo índice de renovação da câmara e a inviabilização de novas candidaturas” completou Paula. 

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Raduan Nassar: “O Judiciário propiciou o golpe”

No Brasil de Fato

Em entrevista ao Le Monde Diplomatique, ele comenta sobre a seletividade da Lava Jato e a paixão pela literatura

"Rasgaram a Constituição. É um casuísmo atrás do outro, inclusive na Operação Lava Jato", essa afirmação é do autor brasileiro Raduan Nassar, que, aos 81 anos, faz críticas à conjuntura política brasileira.
Autor de célebres livros como "Lavoura Arcaica" (1975) e "Um copo de cólera" (1978), que abordam questões políticas, Nassar concedeu entrevista nesta semana ao jornal Le Monde Diplomatique. Em sua análise, fez críticas à seletividade do Judiciário brasileiro, condenou o golpe no Brasil e seus cúmplices:
“O Judiciário, em vários níveis, propiciou o golpe, liquidando com o Estado democrático de direito. Ao crivo crítico, a condenação de Lula agora é uma aberração”, comenta.
Vencedor do Prêmio Camões de 2016, fez discurso contra o governo do golpista Michel Temer (PMDB) e gerou revolta no ex-ministro da Cultura Roberto Freire, que mudou seu discurso para fazer contraponto à fala de Raduan.
Além disso, falou sobre sua relação com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e com outras organizações populares que "inspiram esperança". No entanto, também foi crítico à postura da esquerda nos últimos anos:

"Faltou um trabalho de base da esquerda no Brasil. E a participação popular ficou à mercê da mídia de direita, especialmente dos telejornais diários", pontua.